quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

sobre luzes e cores

Caminho sem direção
Como quem busca algo que não sabe o que é
E encontra coisas que não queria buscar
Mas que surgem sob todos os movimentos
É a realidade ora!
Quanta iluminação, tantas cores, letras garrafais
Mas pouca luz onde busco me encontrar
Rostos perdidos em lugares conhecidos
Envoltos na escuridão de tanto brilho
Onde estão os sorrisos, perderam-se os abraços?
Por onde anda a gentileza, onde esconderam a simpatia?
Tão cheias de nada e tão vazias de qualquer outra coisa

O choque é frontal, espedaça minhas ideias
É como cruzar dimensões de realidades supostas
 Fronteiras traçadas, transplantadas pela alteração da imaginação
Seriam lugares, classes, cores, gostos, hábitos, tradições?
Será a própria riqueza?
Saltar o abismo da alegria à submersão
Conta, as vezes, com o impulso da imagem desfocada do prazer

Faces estampadas em moldes repetidos
Formatos tão bem delineados, mas tão pouco utilizados
Tanta beleza curvada à tanta tristeza
Sob os pés de um domínio material, imaterial, global

Mas hei que surgem rachaduras
Nesse espelho que só reflete a mim mesmo
Surgem de todos os lados,
Fortalecem a vontade de quebra-lo por inteiro
A humildade da falta, a alegria do sofrimento
Os ensinamentos de uma vida sem conforto
Podem ser maiores que as que as notas podem dar
E as cores desbotadas de quem viveu a dramática realidade
Invadem as luzes mais fortes e sem vida
Para lhe dar novos tons de alegria

Deixa o povo entrar!
Que ele trás consigo a esperança de um mundo novo
Certa vez um velho, sábio e de barbas longas me disse
"Ou tu mudas esse mundo, ou ele cairá em desgraça
Ou as contradições se resolvem, ou se afastam cada vez mais,
E no mundo novo que viveremos as luzes terão o tom das cores da igualdade"
Mas o velho não falava só comigo,
Apenas emitiu em formas diferentes a mesma mensagem
E todos nós deveríamos ouvi-la

sábado, 4 de janeiro de 2014

e o tempo

as horas atravessam
o tempo é o caos
dias são semanas
minutos confundem-se nesse temporal

as direções tomam sentido
contrário, rumo tens
mas se perde em teu caminho
lento, rasteja por alguem

amarra essa tua ânsia
senta nesse banco
de onde o mundo espera
que acabes com teu pranto

mas se é assim
temos de esperar pra ser?
se cultivas agora
um dia haverá de colher

vida, vivida, perdida

Viver, crescer submeter-se apoiar-se em alguem?
perder, morrer aos poucos deteriorar-se transitar pelo inverso
sobe que desce voa que plana pensas que sabe não cres que engana
tormenta mares da desilução guarda contigo essa loucura
paradoxos que nos lembram entregam-me à contradição ou querer, ou ser
como pôde? vi(m)ver-te querer-te, mas fazer desabar-lhe a vida
volta-se contra si escapa-me o que tenho assumo, torno-me o que não posso ser
finos grãos dissipam-se no ar unidos formavam-se sólidos são, agora, inúteis
linha fina que desliza tênue, se entrelaça formam-se trezentos nós se arrebentam em corpo e alma
tolo! pensas como um ages como outro és sonhador, mas perverso
repensa, reflete tua vida em boas horas perde-a sem saber em poucos segundos
retoma tua linha! desata estes nós puxa, estica mantenha firme
se o desenrolar deixa marcas tece sempre em frente que novas linhas recomporão estas dobras
num entrelaçar ordenado cruza antigos nós mas para formar novos e mais belos, tecidos

Cativas

Aproxima-te! desvia, corta as teias que te prendem nessa floresta sem vida
impressiona! recebe tua recíproca firma-te tua base sente que fica
cativas! percebes que agora cada passo é um compasso e o que tens, é aurora
segue! nada chega ao fim não deixes que fuja alimente esse jardim
aproxima-te do teu amor impressiona com o teu ardor cativas com o teu suor e segue a amar, sem dó

matéria

desce dos céus
não vives no olimpo
na mítica e confusa guerra dos deuses
desce para terra
banha-te nessas águas
sita o vento em teu rosto
e se necessário for, sinta a dor
de se queimar com o calor de uma chama
Para, observa esse mundo ao teu redor
e mesmo que teus sentidos não alcancem
tenha em consciência de que, em seu oposto
na matéria reside a realidade
e na tua mente
a capacidade de imaginar o que puder
para transformá-la.