
Reclamar do transporte coletivo em Goiânia já está virando um clichê, sempre reclamando do preço da passagem, da situação dos terminais, dos ônibus sujos e lotados, de linhas que faltam, de uma frota insuficiente de veículos, tudo isso tem total verossimilhança, e todo cidadão tem todo direito, e também dever, de apontar as falhas no sistema de transporte e lutar por melhorias. Espera aí, lutar? É nesse momento que se encontra o problema, a passividade da população é tamanha que essa situação desprezível no transporte coletivo de Goiânia passa batida, e o preço continua a aumentar, enquanto isso as pessoas xingam, esbravejam, se enfurecem em suas casas, nos seus trabalhos e criam um discurso muito belo de insatisfação, mas não vão a luta, não manifestam sua insatisfação, não brigam pelos seus direitos, param no discurso.

Eis a grande importância que tem o movimento estudantil, não só para os estudantes, mas para todos os goianienses que utilizam o transporte coletivo. Pois é esse movimento que movimenta o maior número de pessoas em uma manifestação prática da luta pelos direitos dos cidadãos, especialmente no que se refere ao transporte. Além disso existem os sindicatos e movimentos sociais formados por trabalhadores, que tem também extrema importância nessa luta, mas que ultimamente estão apagados no cenário atual de manifestações em Goiânia. Portanto o movimento estudantil é também uma forma de representar o trabalhador nessa busca pelos direitos dos cidadãos, o que ocorre, entretanto, é algo que muito me entristece, trabalhadores mecanizados pelo sistema fecham seus olhos para o mundo à sua volta e pensam somente em traçar seu próprio caminho diariamente, e quanto uma manifestação estudantil cruza seu caminho desabam a agredir verbalmente os estudantes que estão lutando por benefícios que também os atingirão.

Eu acredito que a luta pelo passe livre estudantil é uma luta completamente válida, e que nos remete à 30 anos atrás quando os estudantes sofreram, mas na perseverança se mantiveram na luta até o fim pelo meio passe estudantil, e conseguiram, nesse tempo existiam também aqueles que desacreditavam no movimento e nos seus princípios. Devo admitir que como as pessoas mudaram, os tempos também mudaram, nossa luta não se equipara à dos anos 80, até mesmo porque eles passavam por um momento de ditadura. Entretanto permanece aquele conservadorismo que tenta barrar o movimento estudantil, dizendo que o passe livre é impossível de se obter. Mas a carne é forte, e eu acredito, assim como muitos outros, na causa estudantil, e sei que unidos os estudantes ainda podem conseguir muita coisa, pois quando os benefícios vierem, o mérito é em parte nosso, mas o usufruto é de todos.
