sábado, 1 de outubro de 2011

País desenvolvido é país com educação



Nos últimos anos, nós brasileiros, estamos acompanhando o Brasil em um crescimento de destaque no cenário internacional, próximo de se tornar uma nova potência mundial. Todavia, esse desenvolvimento chega aos meus olhos em certos momentos de forma contraditória, cuja realidade se baseia em um crescimento econômico aos moldes do capitalismo moderno neoliberal, com o fortalecimento da imagem do país na economia mundial, enquanto a situação interna acaba por não privilegiar seus próprios cidadãos: os brasileiros.  Direciono meu foco, portanto, à educação, e mais especificamente ao ensino superior, que é um dos aspectos que tem papel fundamental no crescimento interno de um país. Vale lembrar que este era, desde o inicio do mandato da presidenta Dilma, uma de suas prioridades, e que além de ser um fator de grande relevância para diminuição da desigualdade, e pra melhoria de vida da população também se trata de um aspecto necessário para o desenvolvimento tecnológico e econômico do país. Logo, subentende-se que um país desenvolvido é um país com um sistema educacional de qualidade cujo acesso esteja disponível a todos cidadãos , enquanto a realidade no Brasil se mostra diferente.
           
          O ensino superior tem como papel fundamental a produção de conhecimento, preparação de profissionais capacitados e de educadores. Sendo assim, a educação superior se mostra como um plano de extrema importância para o desenvolvimento intelectual, tecnológico, cultural, educacional, etc. É desse meio que surgem profissionais, pesquisadores e inovações a serem utilizadas para o desenvolvimento de uma nação. Contudo, para se falar das universidades do Brasil é preciso se atentar também do ensino básico, isto é, as séries iniciais, o ensino fundamental e médio, uma vez que são estes alunos que virão a frequentar a universidade e precisam estar preparados pra isso. E ainda, um processo inverso, serão os graduandos em licenciatura formados nessas universidades que ministrarão as aulas nessas escolas, formando um processo cíclico. Ou seja, o Ensino Básico e o Superior são realidades interdependentes, ao se criar o debate sobre uma dessas realidades é necessário que se avalie a outra.


Ao que se refere às escolas públicas brasileira a situação é ainda mais preocupante. Falta estrutura, professores e salários decentes, em geral, faltam recursos de todos os lados. As universidades e institutos públicos fazem parte de uma realidade um pouco mais satisfatória no Brasil, diversas delas obtiveram uma expansão nos últimos anos. Vê-se, porém, um movimento grevista mais recente de servidores e professores em alguns estados, o que nos leva a pensar que a situação ainda está distante do ideal, ou ao menos do compreensível. Abre-se, portanto a possibilidade de um debate sobre a federalização do Ensino Básico, que poderia ser uma das alternativas, mas é uma longa discussão que não cabe a esse momento.
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Dada a conjuntura, estamos diante de uma situação complicada quanto à preparação do estudante de escola pública para a entrada na Universidade e à popularização da educação superior. Em um país em que a maioria da população é pobre, enxergamos a ironia dentro de um processo inverso que, em geral, ocorre na educação, onde estudantes pobres freqüentam escolas públicas, que devido à falta de investimentos e cuidados do governo, não oferece condições necessárias para preparar esse aluno para uma Universidade gratuita e de qualidade, resultando em um ingresso em faculdades da rede privada, enquanto um estudante de um grupo social mais abastado, que consegue estudar em escolas que lhe preparam para o processo seletivo, exatamente por poderem pagar por isso, acabam por garantir sua vaga nas universidades públicas.


Portanto, cria-se uma elitização das universidades gratuitas, em que grande parte dos estudantes se formou em instituições de ensino privadas, enquanto alunos pobres têm muitas vezes que dividir o seu tempo entre estudos e trabalho, como forma de financiar o seu ensino. Além disso, existe outra consequência que afeta o ensino superior, advinda da situação do ensino básico, a valorização do professor. A cada ano percebemos como, além de uma elitização de cursos diretamente ligados ao desenvolvimento da produção capitalista, os cursos de licenciatura estão cada vez menos visados pelos estudantes, resultante da extrema falta de respeito por parte dos governos à profissão do mestre, que tem uma situação de trabalho que em momento algum coincide com o seu real valor, são condições precárias na execução do ofício e uma desvalorização tremenda da categoria.



E isso não é tudo, mesmo enfrentando as enormes dificuldades do ensino básico, os estudantes ainda tem que encarar o processo seletivo para ingresso no ensino superior, o tão polêmico vestibular. Esta prova que teria como objetivo “selecionar” os aptos a ingressarem em universidades, acaba se tornando uma forma de segregação social, cujo aqueles que com uma boa situação financeira tiveram oportunidade de estudar em escolas que puderam bem prepará-lo para essa seleção se sobressaem em comparação àqueles que sem recursos financeiros estudaram em escolas públicas. Uma das formas de tentar superar esse problema foi a criação dos sistemas de cotas, que mesmo sendo de fato uma forma de inclusão de classes mais pobres nas universidades, ainda assim não resolve essa questão em sua totalidade, apenas provisoriamente.


 Outra medida foi a criação do PROUNI, um programa de bolsas de estudo, integrais ou não, para alunos de universidades privadas que comprovarem baixa renda. Nesse caso as críticas de grupos mais radicais se direcionam ao suposto fato de que o governo estaria colaborando para o enriquecimento de instituições da iniciativa privada, e estaria, portanto, dentro de uma lógica neoliberal. A crítica é válida, mas incompatível com nossa realidade, nesse caso seria necessária uma mudança profunda em todo o sistema de educação para que o dinheiro investido em bolsas pudesse ser revertido para investimento em universidades públicas. Imaginem quantas pessoas são beneficiadas com esse programa? De que forma poderíamos aboli-lo sem prejudicar esses estudantes?

Para além dos problemas resultantes do ensino básico, a Universidade como instituição historicamente autônoma, também tem a necessidade de desenvolver seus projetos e incluir a população em geral em seu meio, ou seja, dar condições para que a educação como direito básico, seja garantida à todos. Chegamos então à nossa grande preocupação quanto ao desenvolvimento das universidades e que diz respeito às verbas, não apenas para os salários de professores e, principalmente, de funcionários, mas também para a continuação da expansão e da criação de novos institutos e universidades, além é claro, da grave necessidade da manutenção do REUNI, sem que haja conseqüências maléficas aos ambientes universitários já fixados. O gasto, de aproximadamente 4,5% do PIB brasileiro com a educação, é alarmante e mesmo que esse valor represente uma cifra altíssima, de forma absoluta, é ainda irrisório, devido à grande população que vive em nosso país especialmente àquela que não tem condições econômicas. Seria preciso, nesse caso, um investimento de ao menos 10% do PIB.

É basicamente essa a visão que tenho como estudante da UFG, da realidade atual do ingresso na Universidade e da situação do ensino superior no Brasil. E afirmo, sem hipocrisias, que essa realidade não se encontra em péssima situação, pelo contrário, é destaque em várias áreas do conhecimento, todavia ainda necessita de uma série de melhorias, e também da inclusão de um número muito grande de pessoas, que atualmente no Brasil não conseguem ingressar no ensino superior. É necessária a popularização da cultura e da educação, sem esses direitos básicos o desenvolvimento humano do país é delongado. E essas mudanças devem ser feitas fundamentalmente através de um maior investimento na educação e em uma atualização nas formas de organização e estruturação do, ensino bem como no do vestibular, começando em seus pilares e se solidificando no ensino superior.

sábado, 27 de agosto de 2011

O Bem de se fazer o bem.

   Há alguns dias atrás eu vivenciei uma cena que muito me chamou a atenção. Estava eu, sentado em uma cadeira de um ônibus ( e que não era uma das reservadas a idosos, gestantes, etc. ) quando vi um senhor oferecendo seu lugar para uma outra mulher, e mesmo cansado, pois eu estava voltando de uma manifestação do movimento estudantil, cedi o lugar para este homem mais velho. Não tenho a intenção de me gabar ou de criar uma imagem de mim mesmo como "cidadão exemplo", a parte que interessa vem agora. Após algum tempo este senhor se levantou para descer do ônibus e nesse movimento ele se direcionou a mim com elogios como: "Você é um bom garoto, educado, Deus te abençoe.", mesmo eu não tendo uma crença fiquei extremamente alegre nesse momento, e dentro de um ínfimo espaço de tempo senti algo maravilhoso, e só quando parei pra pensar é que percebi aquilo que eu havia sentido foi a incrível alegria de fazer o bem ao próximo e vê-lo sorrir.
 
Alguns podem estar pensando que estou exagerando, e eu talvez realmente esteja, mas isso que conto a vocês foi algo real e que me tomou um bom tempo de reflexão. Uma reflexão que me levou a pensar desde os pequenos atos de gentileza até os grandes projetos de solidariedade, e então percebi o quanto é bom ajudar ao próximo, e não porque isso está escrito na bíblia, ou porque te trará a salvação, mas porque só através da ajuda, da gentileza e da solidariedade entre as pessoas nós poderemos fazer uma sociedade melhor, não só para os outros, mas para nós mesmos. Ao fazer o bem a outro ser, seja ele um animal, uma planta, mas especialmente a um outro ser humano, estamos fazendo o bem a nós mesmos, porque não há, no mundo, sensação igual à de receber o sorriso de retribuição a uma ajuda que foi dada.
 
  Nessa mesma reflexão me deparo com o grande paradoxo em que vivemos. Parece muito simples não é? Ajudar os outros e ser ajudado, sentir essa alegria de alegrar ao próximo. Porque então as pessoas se tornam tão egoístas? Esse é um processo muito detalhado e que eu pretendo entender, agora mais do que nunca. Muitas vezes em que entro em uma pequena roda de discussão entre amigos sobre sistemas econômicos escuto frequentemente o argumento de que o homem é egoísta por natureza. Afinal, estaria então o egoísmo sendo carregado na tão complexa cadeia genética da raça Homo Sapiens Sapiens?

  Há aproximadamente 400 anos, Thomas Hobbes diria que sim, que "O Homem é o Lobo do Homem", que o homem só se tornou sociável por acidente, e que as leis e o poder absolutista deveriam ser criados para a manutenção do homem em uma sociedade organizada. Aproximadamente duzentos anos depois o filósofo iluminista Jean Jacques Rosseau discordou dessa teoria, e afirmou que "O homem nasce livre e por toda parte encontra-se a ferros". Portanto o ser humano viria ao mundo nem bom nem mau, mas seria moldado através da sociedade a se tornar um sujeito ruim.

  Entretanto, vivemos em um contexto explicitamente diferente, vivemos em um mundo capitalista, que tem como algumas de suas principais características o individualismo, a disputa e a acumulação e manutenção dos bens materiais. Nesse sentido eu poderia até concordar com Rosseau, entretanto, ao se analisar o ser humano é preciso ter muito cuidado com as generalizações e partir não apenas do estudo quantitativo, mas também, da análise qualitativa do homem em sua especificidade, ou seja, os seres humanos não podem ser jogados em um "balaio de gato" e considerados todos iguais.

   Assim sendo, através das experiências que tive em minha vida ( que são poucas ainda, mas que me permitem tirar minhas próprias conclusões ) percebi que por um lado o homem não é egoísta naturalmente, e por outro, a sociedade não é capaz de transformar os indivíduos em sua totalidade. Para justificar esse meu ponto de vista, muitas vezes me refiro a dois pontos centrais, que em minha opinião são aqueles que formam um indivíduo e que irão lhe acompanhar por toda sua vida: a Cultura e a Educação. São estes os dois aspectos formadores do ser humano na sociedade atual, entretanto são conceitos que muitas vezes tem seu significado muito limitado no senso comum, quando se fala em educação pensam, na grande parte das vezes, que estamos nos referindo à escola, e quando diz respeito a cultura a maioria da população liga este conceito a arte culta ou à música erudita.
 O que quero dizer é que não se pode justificar o egoísmo humano nem pela sua natureza e nem pela sociedade de forma generalizada, esse mau caminho é trilhado desde os primeiros contatos que a criança tem com o mundo, o qual fica sob responsabilidade do meio mais próximo desse individuo (seja a família, a escola, os amigos, os aspectos sociais e culturais) mantê-lo sob essa perspectiva ou ao menos tentar salva-lo dessa forte maré do pensamento capitalista. É, portanto o nosso papel criar um escudo para as próximas gerações para que possamos defendê-las de tanto egoísmo e tanta hipocrisia, e somente através da Cultura e da Educação é que podemos fazer isso.

   Eu vejo diariamente inúmeros exemplos de pessoas solidárias, gentis e até mesmo altruístas, e são esses exemplos que cada dia mais, me convencem de que o egoísmo não pode ser uma característica natural do ser humano, e que nem todo indivíduo é ruim, mau ou egoísta. E é por isso que eu acredito em uma sociedade melhor, seria através do socialismo? Talvez, é até agora a forma mais concreta que nós temos para a construção de um mundo que valorize mais o ser humano e suas especificidades, mas isso só pode ser feito através de um processo de educação e formação de indivíduos pra que ocorra a revolução da melhor forma possível. Pode criticar essa minha concepção por ser um ideal, dizem até que é uma utopia ( muitos sequer sabem o significado e o sentido dessa palavra ), mas que pessoa vive sem seus ideais? Sem seus sonhos? O meu sonho é de uma sociedade mais justa e igualitária, mas enquanto não chegamos à revolução, eu tento dar o meu melhor no presente, seja através dos pequenos atos de gentileza ou nas lutas do movimento estudantil, pois o que realmente importa é ajudar o próximo, pois é isso que podemos fazer agora, e é dessa forma que aos poucos tornaremos o mundo um lugar melhor.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Aumento da passagem, passe livre e movimento estudantil.

 Mais uma vez um feriado se passa com uma surpresa no final, aumento da tarifa do transporte público. Mas será mesmo que a palavra 'público' cabe aqui? Talvez tenhamos que repensar o significado dessa palavra: "pú.bli.co adj (lat publicu) 1 Pertencente ou relativo a um povo ou ao povo." (dicionário Michaelis Online).               De acordo com o significado do dicionário o transporte coletivo de Goiânia está longe de ser público, pois temos de pagar cada vez mais por péssimas condições enquanto empresários enchem seus bolsos e discutem entre eles, sem nenhuma intervenção popular, quantas notas ainda cabem nas suas maletas, e mais uma vez utilizando aquela velha estratégia do aumento em feriado, para que os trabalhadores que utilizam esse momento para se distanciar do trabalho e ter um tempo merecido de descanso, se esqueçam também do aumento.

  Reclamar do transporte coletivo em Goiânia já está virando um clichê, sempre reclamando do preço da passagem, da situação dos terminais, dos ônibus sujos e lotados, de linhas que faltam, de uma frota insuficiente de veículos, tudo isso tem total verossimilhança, e todo cidadão tem todo direito, e também dever, de apontar as falhas no sistema de transporte e lutar por melhorias. Espera aí, lutar? É nesse momento que se encontra o problema, a passividade da população é tamanha que essa situação desprezível no transporte coletivo de Goiânia passa batida, e o preço continua a aumentar, enquanto isso as pessoas xingam, esbravejam, se enfurecem em suas casas, nos seus trabalhos e criam um discurso muito belo de insatisfação, mas não vão a luta, não manifestam sua insatisfação, não brigam pelos seus direitos, param no discurso.
  
  Eis a grande importância que tem o movimento estudantil, não só para os estudantes, mas para todos os goianienses que utilizam o transporte coletivo. Pois é esse movimento que movimenta o maior número de pessoas em uma manifestação prática da luta pelos direitos dos cidadãos, especialmente no que se refere ao transporte. Além disso existem os sindicatos e movimentos sociais formados por trabalhadores, que tem também extrema importância nessa luta, mas que ultimamente estão apagados no cenário atual de manifestações em Goiânia. Portanto o movimento estudantil é também uma forma de representar o trabalhador nessa busca pelos direitos dos cidadãos, o que ocorre, entretanto, é algo que muito me entristece, trabalhadores mecanizados pelo sistema fecham seus olhos para o mundo à sua volta e pensam somente em traçar seu próprio caminho diariamente, e quanto uma manifestação estudantil cruza seu caminho desabam a agredir verbalmente os estudantes que estão lutando por benefícios que também os atingirão.

 Mas essa não é a pior situação, existe boicote ao movimento estudantil entre os próprios estudantes e as instituições de ensino, a massa estudantil que vai à luta pelos seus direitos nem se compara à 30 anos atrás, quando realmente universitários e secundaristas tinham olhos abertos a todo seu contorno, e se preocupavam com questões que não referiam somente a eles mesmos e à sua carreira acadêmica. Bom, muita coisa mudou de lá pra cá e o egoísmo dos estudantes é uma delas, o que dificulta muito as ações do movimento estudantil, que ironicamente luta por direitos que afetarão à todos estudantes e trabalhadores, e não somente à aqueles que participaram ativamente do movimento. E como se não bastasse a indiferença aos movimentos e manifestações de luta por direitos, estudantes e trabalhadores tentam desanimar os estudantes utilizando o discurso de que "nada vai mudar", de que será impossível obter o passe livre, puro conservadorismo.


  Eu acredito que a luta pelo passe livre estudantil é uma luta completamente válida, e que nos remete à 30 anos atrás quando os estudantes sofreram, mas na perseverança se mantiveram na luta até o fim pelo meio passe estudantil, e conseguiram, nesse tempo existiam também aqueles que desacreditavam no movimento e nos seus princípios. Devo admitir que como as pessoas mudaram, os tempos também mudaram, nossa luta não se equipara à dos anos 80, até mesmo porque eles passavam por um momento de ditadura. Entretanto permanece aquele conservadorismo que tenta barrar o movimento estudantil, dizendo que o passe livre é impossível de se obter. Mas a carne é forte, e eu acredito, assim como muitos outros, na causa estudantil, e sei que unidos os estudantes ainda podem conseguir muita coisa, pois quando os benefícios vierem, o mérito é em parte nosso, mas o usufruto é de todos.

 Enfim, o que tenho a dizer é que se juntem às manifestações, movimentos populares, sindicalistas, movimento estudantil, ou simplesmente unam-se a luta pelos seus direitos, você têm não só o direito de participar dessas lutas, mas também o dever. Se a população agir em conjunto e de forma organizada podemos alcançar nossos objetivos e melhorar a situação em que vivemos. Chega de humilhação, chega de ônibus lotado, terminais sujos e apertados, o transporte coletivo é público, e nós deveríamos estar pagando apenas pra que este melhorasse e não para que empresários possam enriquecer em seus escritórios com ar condicionado. Vamos lutar por um transporte realmente público, com controle popular, onde o preço que pagamos seja revertido em melhorias, e isso é possível, pois como diria Raul Seixas: "Sonho que se sonha só é só um sonho, sonho que se sonha junto é realidade".

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Os românticos que me desculpem...

 Sim, os românticos que me desculpem, mas vivemos num mundo que de romântico não tem quase nada. Antes de tudo devo dizer àqueles que não entendem os vários sentidos da palavra Romântico, que nesse caso não se trata de flores, chocolates e versos, mas de uma visão de mundo muito comum nos dias atuais, principalmente entre os jovens, em que se enxerga o mundo "cor-de-rosa", onde tudo é tão bonito, em que o amor impera e no final tudo vai dar certo.

  O maior exemplo disso foi o recente "casamento real" que ocorreu na Inglaterra (qual eu havia prometido não falar sobre, mas que utilizo apenas como um exemplo), toda essa coisa de príncipe, princesa, cerimônias exageradas e um gasto abusivo com tudo isso, enquanto jovens garotas ao redor do mundo assistem e esperam ansiosamente pelo seu príncipe. A literatura e principalmente as produções áudio-visuais de grande circulação atualmente buscam sempre manter o foco no Amor, no final feliz de um casal que anda de mãos dadas pelo parque mas que nunca fez sexo.

  Meus caros, dou aqui minha humilde opinião, que sem dúvida é a de que o mundo real está longe do que conhecemos nos livros de Stephenie Meyer e nas novelas da Globo. A realidade está longe de poesias e rosas, de lamentações e crises existênciais. É uma frase bem comum que ressalto aqui, "a realidade é cruel!", e é por isso que devemos sair desse mundo paralelo criado por nossa própria imaginação, onde tudo é lindo, onde todos terão um final feliz. Chegou o momento de encarar a realidade, de perceber que o valor deve ser dado àqueles que estão realmente do seu lado e sempre estiveram, e não morrer na esperança de que alguém que sequer conhecemos poderá chegar um dia e fazer valer toda a espera que tivemos.

 O mundo está um desastre, e isso é claro. E enquanto ficarmos imaginando um dia em que ele irá melhorar, ou ficarmos esperando que algo ou alguém que seja superior a todos nós nos ajude, ou simplesmente desça do céu e acabe com todo o sofrimento, creio que pouca coisa mudará. Talvez pra você o mundo esteja uma beleza, e admito que a minha vida está muito boa, mas é exatamente por isso que me preocupo ainda mais com os rumos da nossa sociedade, como pode a minha vida estar assim tão boa (e de outros ainda melhor) enquanto existem pessoas que sofrem tanto, e que sequer tem oportunidades de superar esse sofrimento.

     Enquanto isso, aqueles que vivem bem, escrevem poesias, vivem em um mundo imaginário do romance e da paixão, e escrevem poesias sobre o seu sofrimento pessoal. É isso que eu chamo de egoísmo. A partir de que momento vamos parar de lamentar sobre nossas vidas para perceber que existem situações muito piores do que a nossa? Podem achar que estou sendo hipócrita aqui, talvez esteja sendo mesmo, mas o ponto de partida é aceitar que nós estamos vivendo em um mundo completamente hipócrita. Então esqueçam tudo aquilo que vocês viram na TV ou leram no Crepúsculo ou assistiram em Titanic, e percebam que o mundo está um caos, e quem vai acabar com esse caos não é um Deus, ou vários Deuses, mas o próprio ser humano, que é o Deus em que eu acredito, pois se consciente o ser humano tem a capacidade de superar a própria natureza.


  Estaria eu dizendo, então, que o romantismo não presta? Não, muito longe disso, digo apenas que esse romantismo exagerado, e sem fundamentos, onde tudo pode dar certo, não acrescenta em nada. Nossa existência está dividida entre o real e o abstrato, mas talvez o abstrato esteja muito bem cuidado, enquanto o real está sendo esquecido, porque não então utilizar toda essa imaginação para, ao invés de esperar que as coisas melhorem, fazê-las mudarem para melhor? É essa a minha proposta, de um mundo romântico, mas também realista.

obs: Só por curiosidade digitem "Romântico" no google images e dêem uma olhada, depois digitem "Realidade" e vejam a diferença.  

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Uma curta observação.

 Gostaria de pedir desculpa aos leitores do blog pelos últimos textos, é que realmente foram coisas que vieram a tona e eu resolvi escrever. Eu estou completamente sem idéias, estou muito envolvido pelo meu curso (História) e por isso não estou tendo outras idéias, e também não vou ficar escrevendo nada sobre História aqui porque comecei o curso agora e também não sei muita coisa.
  Enfim, só não quero bancar o intelectual, o romântico, o filósofo aqui, porque eu tenho consciência da minha posição, sei que muito já aprendi, mas ainda tenho muito pra aprender, se vocês acharem um tema massa e quiserem saber minha opinião me digam ae pra eu poder escrever aqui. E nem adianta vir pedindo pra eu comentar sobre o "casamento real" porque por favor né? Já estamos perdendo muito tempo escutando isso, não quero perder mais tempo escrevendo sobre isso.
  Enfim, eu também decidi tornar o blog um pouco mais informal, por isso meus textos estão sendo escritos de forma mais "desleixada" e também espero que não se incomodem com eventuais gírias virtuais, hehehe.
  Também estou me envolvendo com movimento estudantil nesses últimos dias, tentando achar a minha posição, mas pretendo escrever muito ainda sobre a luta classista e do movimento estudantil aqui. Pretendo também convencer vocês de que o Comunismo, o Socialismo, a esquerda, não é isso que vocês aprendem na escola ou vêem na TV (me desculpem aqueles que já tem conhecimento do assunto), mas são coisas muito mais elaboradas e que vocês precisam conhecer, e sair dessa sombra que a Direita faz sobre vós.

Então, quando eu tiver outra idéia, volto a postar aqui!

terça-feira, 29 de março de 2011

Manifestação contra aumento da tarifa do transporte.


Bom, esse post tem um intuito de divulgação, mas não posso deixar de dizer como é importante a participação nesse tipo de evento. Atualmente o transporte coletivo na região metropolitana de Goiânia é uma grande ofensa ao cidadão goianiense, e como se não bastasse as péssimas condições que ele oferece, jogam mais uma bomba encima dos cidadãos.

Aí entra a contradição: um serviço ridículo, sem automóveis suficientes para o contingente de pessoas que o utiliza, consequentemente ônibus lotados e viagens deveras desconfortáveis, mas que a tarifa continua aumentando constantemente. E o mais absurdo é que as pessoas que utilizam esse tipo de transporte, são as mesmas que trabalham duro o dia inteiro mas que não recebem nem um décimo do que aqueles burgueses que, sentados no seu escritório com ar-condicionado, aumentam o preço da passagem cada vez mais pra manter seu lucro.
E o governo? Cadê os nossos governantes nessa história? É, pelo jeito eles não são nem protagonistas, nem coadjuvantes, simplesmente não aparecem.
E é por isso que temos que ir a luta! Pois nos também fazemos parte dessa história, e o povo deve se tornar o protagonista, pois se todos os dias nessas condições abusivas, voltarmos pra casa e formos assistir Big Brother Brasil, as coisas não vão mudar. Portanto devemos agir, e brigar pelos nossos direitos de cidadãos, brigar por melhoras no transporte coletivo e contra o aumento de tarifas.
Ah, e antes que eu me esqueça. Caro Governador Marconi Perillo, não pense que esquecemos da sua "pequena" promessa de campanha. PASSE LIVRE JÁ!


Tá aí o calendário de reuniões e eventos do DCE-UFG a favor do Passe Livre e contra o aumento da tarifa:

O DCE-UFG se reuniu no último sábado e planejou o seguinte calendário de ações:

-28/03 será feito um texto provisório sobre a manifestação do transporte;

-29/03 à 07/04: Mobilização de c.a's , movimentos sociais e população;

-01/04: Manifestação do estudantes secundaristas;

-04/04: Ficará pronto texto definitivo sobre o transporte;

-08/04: Reunião do DCE e Seminário sobre o transporte;
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-11/04: Ações Jurídicas (responsabilidade do Najup);

-11/04 à 14/04: Mobilização Geral;

-15/04: Manifestação;

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Racismo é burrice.


"Salve meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano. O Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte do que a água do mar." Esse trecho pertence a música "Racismo é burrice" que foi composta por um cantor que eu muito admiro, e indico para aquelas pessoas que gostariam de ouvir críticas, com ótimos argumentos, à alguns problemas da humanidade.

Essa música em especial me chamou a atenção, já que trata de um tema que é recorrente no nosso cotidiano atualmente, o Racismo. Eu particularmente sou contra a utilização do termo "Raça" na diferenciação da cor da pele, pois esse termo é utilizado nas ciências biológicas como sinônimo de sub-espécies, portanto estaria dividindo, e logo, inferiorizando algumas pessoas pela sua descendência ou cor de pele. E além disso é um termo que começou a ser utilizado por sujeitos que queriam dividir os povos e se tornarem superiores. Entretanto a palavra "Racismo" passou a ser utilizada com o significado de preconceito ou desrespeito à uma outra pessoa devido a sua descendência ou características físicas.

Primeiramente eu sugiro que escutem a música que citei acima e prestem toda atenção possível na letra, pois o que ela descreve é basicamente uma justificativa simples e direta de porque o racismo é burrice, e não tem nenhum sentido e muito menos uma justificativa. Basta pararmos pra pensar durante pouco tempo, pra percebermos que o desrespeito não só a pessoas com a cor de pele diferente, mas de sexo diferente, ou aparência diferente, grupo social diferente não tem nexo.

Parou pra pensar? Realmente não faz sentido algum não é? Nesses momentos eu me pergunto, porque então, ainda existe tanto preconceito e discriminação não só no país, mas no mundo? Uma herança histórica? Com certeza grande parte disso vem de uma herança maldita, mas e o que nós estamos fazendo pra mudar isso?

Temos de olhar pra dentro de nós mesmos, mas não apenas isso, é preciso muito mais do ignorar aquela pessoa simplesmente pelo fato de ela ter uma cor de pele diferente. É preciso acabar com o preconceito, e nós que já percebemos o quão ridículo são esse tipo de discriminação devemos demonstrar isso para aqueles que ainda não perceberam, com atitudes como a do Gabriel, O pensador.

Alguns podem me chamar de hipócrita porque ri daquela piada racista que contaram algum dia, mas em um dos trechos da música o autor escreve: "E de pai pra filho, o racismo passa, em forma de piadas que teriam bem mais graça, se não fossem o retrato da nossa ignorância[...]", ou seja, a discriminação não está nas piadas, e muito menos a solução desta. Na verdade se o racismo não fosse algo tão constante na nossa vida, e tão absurdo, ninguém ficaria com uma expressão de "Nossa, ele tá contando piadas de negros.", enquanto em outras milhares de piadas as pessoas simplesmente dão risadas sem peso na consciência.

Portanto, sejamos racionais e reflitamos sobre o nosso papel e as nossas atitudes na sociedade, pois assim a humanidade vive em melhor harmonia vários conflitos podem ser evitados, e termino com mais um trecho da música: "Não seja um imbecil, não seja um ignorante, não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante."

domingo, 2 de janeiro de 2011

Modinhas, produtos de mídia.


Após quase um mês sem atualizar meu blog acho que já está na hora de postar algo por aqui. Enfim, acabamos de entrar no ano de 2011, na segunda década do segundo milênio e todos estão comentando sobre esse novo ano, sobre as promessas para os próximos tempos e uma série de coisas que são comuns nesse período. Antes tudo gostaria de desejar um ótimo ano a todos os leitores do meu blog, e espero conseguir muito mais seguidores.

Como em meu blog gosto de discutir sobre assuntos diferentes dos que estão sendo mais falados ou comentados, prefiro deixar toda essa coisa de ano novo pra um outro momento. Nesse texto decidi tratar de algo que vem me incomodando há algum tempo e que discuto constantemente em conversas com amigos e também pela internet. São as popularmente conhecidas como "modinhas", mas que eu prefiro tratar como "Produtos de Mídia".

São esses estilos musicais e literários, o modo de se vestir, de escrever, falar e até mesmo se comportar. A criatividade do ser humano vive um período de escassez, nós já não temos a nossa originalidade, estamos vivendo em uma correnteza sem resistência alguma, e se milhares ou milhões de pessoas seguem juntas para um mesmo caminho, não estamos dispostos a nos virar e caminhar no sentido contrário.

Atualmente para que algo seja classificado como bom, deve, antes qualquer coisa, ser apreciado por um grande número de pessoas, e ao se tornar popular passa a ser considerado algo aceitável simplesmente por ter fama, não mais por ter qualidade. Já vi muitas vezes casos de pessoas excepcionais que não tem a oportunidade de se tornarem bons artistas por serem pouco conhecidos (como o caso do Vendedor de Balas), enquanto outras coisas servem apenas de imagem para que adolescentes sem criatividade possam ter algo em que se apoiar porquê o mundo não é do jeito que eles querem (como o caso da saga Crepúsculo).

Mas isso tudo não para por aí, no ano de 2010 foram feitas inúmeras discussões sobre a questão das "modinhas", uma delas após a banda Restart ganhar quatro prêmios no VMB (uma vergonha), isso mostra o quanto o ser humano está perdendo a essência da qualidade e aceitado facilmente tudo que lhes é empurrado goela abaixo sem nem mesmo fazer a digestão.

Esse tipo de comportamento acaba se tornando uma arma letal nas mãos do Capitalismo e das grandes corporações de comunicação em massa. E hoje tudo está se transformando em "produtos de mídia", pois quanto mais figuras para vender e controlar a massa forem criadas, mais lucro o sistema terá. Portanto tudo que está sendo criado recentemente segue este parâmetro, basta pensarmos nas ultimas bandas que foram realmente boas, nos livros com história verdadeiramente interessantes, ou no comportamento humano com originalidade. Há muito tempo a nossa sociedade perdeu essas características, hoje tudo é criado com o propósito do lucro, não mais do bem estar consigo mesmo, na solidariedade e na colaboração para o mundo.

E o vlogger Felipe Neto que me desculpe, mas discordo dele quando ele diz em um de seus vídeos que "virou modinha não gostar de modinha", pois só seguem as modinhas aqueles que querem, todos nós temos milhares de opções ao nosso redor, aqueles que não tem originalidade suficiente seguem na direção da correnteza, aqueles que pelo contrário, admiram as coisas belas do mundo, críticam esse tipo de comportamento e mantém os seus gostos com orgulho.