domingo, 29 de agosto de 2010

Cidade da Morte

Morsventus, uma cidade antiga, não tão grande, mas também nem tão pequena. Cerca de dez mil habitantes viviam ali, nessa cidade quieta, com as mesmas pessoas de sempre,com as mesmas festividades, as conversas de sempre e pouca história para se contar. Até agora.

Há alguns dias a pacata população passou a notar algo anormal naquele lugar, algo que muito incomodava as pessoas, um grande número de mortes havia ocorrido em pouco tempo, como nunca antes visto. Os cidadãos de Morsventus começaram a ficar apavorados, e começaram a se esconder em suas casas, receosos de contrair aquela nova doença, maldição ou seja lá o que fosse aquilo que estava matando tanta gente.

Contudo, moravam ali dois irmãos que haviam perdido seus pais nessa onda de mortes, sem saber qual a causa disso tudo. Obitu e Umbra eram seus nomes. Estavam decididos a encontrar a razão de tantas mortes estarem ocorrendo. A primeira coisa que os irmãos fizeram foi uma investigação, fazendo perguntas às famílias que haviam perdido algum membro se haviam visto ou escutado algo que pudesse levá-los a encontrar o responsável pelas mortes.

Após algum tempo, as mortes continuavam, e os irmãos estavam exaustos de tanto investigar sem receber nenhuma informação valiosa. Sem mais opções decidiram visitar aquela senhora, misteriosa, que vivia em um casebre isolado da cidade, próximo ao bosque da entrada leste. Ninguém sabia quem era essa mulher, quando ela chegou, ou de onde ela veio, sabiam apenas que fora a primeira moradora daquele lugar.

Após atravessar o bosque, encontrar uma velha casa de madeira, com uma mangueira enorme nos fundos, e só. A casa era perceptivelmente velha, entretanto se bem observada era possível ver como essa mesma casa foi algum dia uma enorme e bela mansão. A visão daquele lugar era realmente assustadora, Umbra recuou:
-Irmão, não entrarei nesse bloco gigante de madeira amaldiçoada. Talvez as mortes podem estar vindo daí!
-Não seja um covarde Umbra! E pare de falar besteiras, precisamos encontrar o assassino de nossos pais.

Umbra continuou parado, seu olhar estava fixo em uma das janelas do segundo andar, onde acreditava ver uma sombra. Assustado, correu para junto de Obitu quando percebeu que ele já havia batido na porta.
-Há muito anos eu não recebia uma visita! Mas felizmente ainda sei como ser uma boa anfitriã. Entrem por favor.

O irmão caçula sentia constantes calafrios, observava os móveis sujos e velhos, o interior condizia exatamente com o que fora visto no exterior. Enquanto isso Obitu se apressou com as perguntas:
-A senhora deve estar sabendo do que está acontecendo na vila não é mesmo?
-Sim, sim! E recomendo a vocês que não se preocupem com isso. É perigoso demais! Não temo em dizer que estão lidando com o próprio demônio da morte, que ronda a cidade, amaldiçoada a muito tempo. Um vulto negro que percorre as ruas em busca de vidas simplesmente para se satisfazer, e destrói qualquer um que atravessar seu caminho.
-Não me assusto com isso, nada é mais importante do que destruir aquele que tirou a vida de nossos pais. Há alguma forma de destruir a maldição ou afastar esse demônio?
-Sim, existe uma forma de destruir a maldição, há 50 anos eu mesma tive de fazer isso, pois fui a única sobrevivente, mas não consegui completar o ritual, por isso ele voltou. Mas repito, escondam-se em suas casas e não se metam com isso, é perigoso demais!
-Não desistiremos, mais pessoas podem morrer. O que devemos fazer para acabar com essa maldição?
-Tudo bem. Você deve matar a pessoa que mais ama e entrega - lá ao demônio para que ele desapareça.
Obitu empalideceu completamente seu rosto, levantou-se, e puxando Umbra, que ainda observava a casa com temor, pelo braço foi embora sem dizer uma palavra sequer.

Era óbvio que a pessoa que Obitu mais amava era seu irmão, porém ele não teria forças para matá-lo, muito menos entregar sua vida nas mãos de Umbra, que sofreria eternamente por sua perda. Passou as últimas semanas de sua vida sem saber o que fazer, com um único pensamento em sua mente: a tentativa daquela senhora em acabar com a maldição.

Umbra que não havia escutado a conversa entre a senhora e seu irmão tentava convence-lo de seguir em frente, sem entender o que havia acontecido com Obitu. Passaram juntos os seus momentos antes que a morte saciasse toda sua sede, e até mesmo aquela velha senhora não sobreviveria dessa vez.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A simples cidade da desigualdade.

Simples, calma e boa para se viver. É o que dizem muitos moradores da capital goiana. Afirmam ainda ser uma cidade segura, arborizada, limpa, bem tratada e com uma série de outras qualidades que, estranhamente, moradores de outro extremo desse mesmo lugar não conseguem enxergar. Os governantes, contudo, descaradamente insistem em dizer que Goiânia é uma das melhores cidades brasileiras para se viver e continuam a investir nos bairros nobres, asfaltam os quatro cantos da cidade, constroem enormes monumentos brilhantes e jogam toda a sujeira para debaixo dos tapetes. É esse o lugar onde vivo.

De acordo com os relatórios do V Fórum Urbano Mundial da Organização das Nações Unidas (ONU), Goiânia está em décimo lugar no ranking mundial de centros urbanos com maior desigualdade social, ocupando o primeiro lugar no Brasil. Entretanto, as pessoas que vivem aqui se assustam quando se deparam com essa informação. As classes média e alta goianienses não convivem com essa desigualdade. Não nego que em setores nobres e bairros próximos ao centro não há tanta violência e tudo parece muito bom. Porém, os verdadeiros problemas se encontram nas periferias.

Os trabalhadores e a burguesia - a miséria e a riqueza, a necessidade e a ganância - são extremos bem acentuados na capital. Talvez esse abismo não salte aos nossos olhos constantemente durante nosso cotidiano, mas isso não garante que essa enorme diferença realmente exista. Basta tentar, ao menos por um momento, enxergar a realidade, para perceber que vivemos em um lugar com dezenas de bairros e comunidades que sentem diariamente o poder da pobreza, da violência e da marginalização. Por outro lado proprietários de enormes latifúndios e criadores de gado, sentados em seus apartamentos luxuosos, bebem tranquilamente vinhos importados do ano de 1990, enquanto um terço de suas terras continua inutilizada.

É esse o lugar onde vivo. E talvez Goiânia seja realmente a melhor cidade para se viver: é preciso apenas possuir alguns mil hectares de terra e ter fundos suficientes para comprar um belo apartamento de frente para um grande parque (já que aqui não temos praia) ou um para Shopping Center. Minha cidade não é a única, nem no Brasil nem no mundo, a passar por esses problemas: esse é apenas mais um dos lados perversos do nosso sistema. Entretanto, nossos governantes não podem ficar impunes, pois têm grande responsabilidade sobre essa situação. Portanto, esses poderiam se preocupar mais com as pessoas ao invés de gastar toda verba e todo tempo para embelezar a cidade.


domingo, 1 de agosto de 2010

Essa tal mania da generalização.


Nesses dias eu estava com poucas idéias em minha mente, e sem uma boa inspiração é difícil escrever um bom texto. Mas minhas aulas de 3° ano do Ensino Médio começam amanhã, e acho que as coisas vão complicar um pouco mais. Provavelmente estarei postando aqui, meus textos produzidos em meus estudos, com algumas exceções. Enfim, para finalizar essas férias que passaram tão rápidas, retorno às discussões em sala de aula que constantemente caem na mania da generalização.

Em minha escola são frequentes as discussões e críticas sobre diversos assuntos entre os alunos e o professor dentro de sala de aula, algo que a meu ver é enriquecedor e nos dá a oportunidade de refletir sobre assuntos atuais e as próprias matérias que estão sendo estudadas. Porém ao meio da discussão não é raro que algumas pessoas caiam na falsa idéia de acreditar que todos os argumentos se tratam de generalizações.

Não é algo que me agrada. Por mais que em sua fala a pessoa use expressões como "a maioria" ou "a maior parte", alguns ouvintes insistem em acusar as outras argumentações, alegando que os fatos citados para justificar algo, englobam tudo ou todos.

Enfim, eu só queria que as pessoas percebessem que é algo quase impossível (eu penso que tudo pode ser possível, de acordo com os caminhos que se toma) encontrar algo que seja igual para tudo ou em todos, e mesmo que se encontre algo assim, peço para que coloquem ênfase em falar TODOS, assim como em minhas falas me preocupo em enfatizar a MAIORIA. Criem melhor suas argumentações dentro de conversas e discussões, essa mania acusar o outro com a generalização já não é mais uma boa justificativa para seus argumentos.

Ps. Peço desculpa pelos erros e outras coisas, assim como nos outros textos. Mas esse em especial, já que o escrevi um pouco sem idéias e bem rápido. Por favor comentem :D