sábado, 1 de outubro de 2011

País desenvolvido é país com educação



Nos últimos anos, nós brasileiros, estamos acompanhando o Brasil em um crescimento de destaque no cenário internacional, próximo de se tornar uma nova potência mundial. Todavia, esse desenvolvimento chega aos meus olhos em certos momentos de forma contraditória, cuja realidade se baseia em um crescimento econômico aos moldes do capitalismo moderno neoliberal, com o fortalecimento da imagem do país na economia mundial, enquanto a situação interna acaba por não privilegiar seus próprios cidadãos: os brasileiros.  Direciono meu foco, portanto, à educação, e mais especificamente ao ensino superior, que é um dos aspectos que tem papel fundamental no crescimento interno de um país. Vale lembrar que este era, desde o inicio do mandato da presidenta Dilma, uma de suas prioridades, e que além de ser um fator de grande relevância para diminuição da desigualdade, e pra melhoria de vida da população também se trata de um aspecto necessário para o desenvolvimento tecnológico e econômico do país. Logo, subentende-se que um país desenvolvido é um país com um sistema educacional de qualidade cujo acesso esteja disponível a todos cidadãos , enquanto a realidade no Brasil se mostra diferente.
           
          O ensino superior tem como papel fundamental a produção de conhecimento, preparação de profissionais capacitados e de educadores. Sendo assim, a educação superior se mostra como um plano de extrema importância para o desenvolvimento intelectual, tecnológico, cultural, educacional, etc. É desse meio que surgem profissionais, pesquisadores e inovações a serem utilizadas para o desenvolvimento de uma nação. Contudo, para se falar das universidades do Brasil é preciso se atentar também do ensino básico, isto é, as séries iniciais, o ensino fundamental e médio, uma vez que são estes alunos que virão a frequentar a universidade e precisam estar preparados pra isso. E ainda, um processo inverso, serão os graduandos em licenciatura formados nessas universidades que ministrarão as aulas nessas escolas, formando um processo cíclico. Ou seja, o Ensino Básico e o Superior são realidades interdependentes, ao se criar o debate sobre uma dessas realidades é necessário que se avalie a outra.


Ao que se refere às escolas públicas brasileira a situação é ainda mais preocupante. Falta estrutura, professores e salários decentes, em geral, faltam recursos de todos os lados. As universidades e institutos públicos fazem parte de uma realidade um pouco mais satisfatória no Brasil, diversas delas obtiveram uma expansão nos últimos anos. Vê-se, porém, um movimento grevista mais recente de servidores e professores em alguns estados, o que nos leva a pensar que a situação ainda está distante do ideal, ou ao menos do compreensível. Abre-se, portanto a possibilidade de um debate sobre a federalização do Ensino Básico, que poderia ser uma das alternativas, mas é uma longa discussão que não cabe a esse momento.
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Dada a conjuntura, estamos diante de uma situação complicada quanto à preparação do estudante de escola pública para a entrada na Universidade e à popularização da educação superior. Em um país em que a maioria da população é pobre, enxergamos a ironia dentro de um processo inverso que, em geral, ocorre na educação, onde estudantes pobres freqüentam escolas públicas, que devido à falta de investimentos e cuidados do governo, não oferece condições necessárias para preparar esse aluno para uma Universidade gratuita e de qualidade, resultando em um ingresso em faculdades da rede privada, enquanto um estudante de um grupo social mais abastado, que consegue estudar em escolas que lhe preparam para o processo seletivo, exatamente por poderem pagar por isso, acabam por garantir sua vaga nas universidades públicas.


Portanto, cria-se uma elitização das universidades gratuitas, em que grande parte dos estudantes se formou em instituições de ensino privadas, enquanto alunos pobres têm muitas vezes que dividir o seu tempo entre estudos e trabalho, como forma de financiar o seu ensino. Além disso, existe outra consequência que afeta o ensino superior, advinda da situação do ensino básico, a valorização do professor. A cada ano percebemos como, além de uma elitização de cursos diretamente ligados ao desenvolvimento da produção capitalista, os cursos de licenciatura estão cada vez menos visados pelos estudantes, resultante da extrema falta de respeito por parte dos governos à profissão do mestre, que tem uma situação de trabalho que em momento algum coincide com o seu real valor, são condições precárias na execução do ofício e uma desvalorização tremenda da categoria.



E isso não é tudo, mesmo enfrentando as enormes dificuldades do ensino básico, os estudantes ainda tem que encarar o processo seletivo para ingresso no ensino superior, o tão polêmico vestibular. Esta prova que teria como objetivo “selecionar” os aptos a ingressarem em universidades, acaba se tornando uma forma de segregação social, cujo aqueles que com uma boa situação financeira tiveram oportunidade de estudar em escolas que puderam bem prepará-lo para essa seleção se sobressaem em comparação àqueles que sem recursos financeiros estudaram em escolas públicas. Uma das formas de tentar superar esse problema foi a criação dos sistemas de cotas, que mesmo sendo de fato uma forma de inclusão de classes mais pobres nas universidades, ainda assim não resolve essa questão em sua totalidade, apenas provisoriamente.


 Outra medida foi a criação do PROUNI, um programa de bolsas de estudo, integrais ou não, para alunos de universidades privadas que comprovarem baixa renda. Nesse caso as críticas de grupos mais radicais se direcionam ao suposto fato de que o governo estaria colaborando para o enriquecimento de instituições da iniciativa privada, e estaria, portanto, dentro de uma lógica neoliberal. A crítica é válida, mas incompatível com nossa realidade, nesse caso seria necessária uma mudança profunda em todo o sistema de educação para que o dinheiro investido em bolsas pudesse ser revertido para investimento em universidades públicas. Imaginem quantas pessoas são beneficiadas com esse programa? De que forma poderíamos aboli-lo sem prejudicar esses estudantes?

Para além dos problemas resultantes do ensino básico, a Universidade como instituição historicamente autônoma, também tem a necessidade de desenvolver seus projetos e incluir a população em geral em seu meio, ou seja, dar condições para que a educação como direito básico, seja garantida à todos. Chegamos então à nossa grande preocupação quanto ao desenvolvimento das universidades e que diz respeito às verbas, não apenas para os salários de professores e, principalmente, de funcionários, mas também para a continuação da expansão e da criação de novos institutos e universidades, além é claro, da grave necessidade da manutenção do REUNI, sem que haja conseqüências maléficas aos ambientes universitários já fixados. O gasto, de aproximadamente 4,5% do PIB brasileiro com a educação, é alarmante e mesmo que esse valor represente uma cifra altíssima, de forma absoluta, é ainda irrisório, devido à grande população que vive em nosso país especialmente àquela que não tem condições econômicas. Seria preciso, nesse caso, um investimento de ao menos 10% do PIB.

É basicamente essa a visão que tenho como estudante da UFG, da realidade atual do ingresso na Universidade e da situação do ensino superior no Brasil. E afirmo, sem hipocrisias, que essa realidade não se encontra em péssima situação, pelo contrário, é destaque em várias áreas do conhecimento, todavia ainda necessita de uma série de melhorias, e também da inclusão de um número muito grande de pessoas, que atualmente no Brasil não conseguem ingressar no ensino superior. É necessária a popularização da cultura e da educação, sem esses direitos básicos o desenvolvimento humano do país é delongado. E essas mudanças devem ser feitas fundamentalmente através de um maior investimento na educação e em uma atualização nas formas de organização e estruturação do, ensino bem como no do vestibular, começando em seus pilares e se solidificando no ensino superior.

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