quarta-feira, 24 de julho de 2013

PCdoB apoia Sérgio Cabral pra reeleição? Mudar noticias de contexto também é reproduzir mentiras.


Recentemente ando me indignando mais com o atitudes de militantes que se autodenominam de esquerda do que com os reacionários e conservadores. Justamente porque, os primeiros, em toda sua certeza, insistem em se auto-proclamar os detentores da verdade revolucionária e dos únicos meios corretos que levarão a humanidade a sua emancipação, enquanto desconstroem outros grupos que há décadas acumulam debates no campo da esquerda, com argumentos e informações falsas e colocações supérfluas, que ignoram o debate de ideias para tergiversar em acusações levianas.

Hoje quanto acessei a internet vi várias pessoas compartilhando um link (http://www.pcdob.org.br/noticia.php?id_secao=186&id_noticia=128858) do site do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), pessoas essas que tinham em comum a militância em campos de esquerda de oposição ao projeto político do meu partido. Esse link dá acesso a uma notícia na qual o PCdoB estaria apoiando o Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB) para uma nova candidatura. Em um primeiro momento eu me assustei e tive um momento de decepção, tendo em vista que esse foi um dos governadores que mais repreendeu as manifestações populares recentes.

No momento seguinte, como um bom leitor atento, olhei a data da notícia. Mas quem diria! Minha decepção se transformou em reafirmação de princípios e concepções, a noticia é do dia 5 de Maio de 2010, isto é, há mais de dois anos atrás. É de fato uma pena que o PCdoB esteja na base de um governador que vem tomando, nos últimos meses, posicionamentos extremamente equivocados em relação aos movimentos sociais.

Entretanto nada justifica a veiculação dessa informação, feita de forma distorcida e mentirosa na tentativa de afetar um partido, não o DEM, PSDB, PSD e nem mesmo o PMDB, mas o PCdoB. Tal fenômeno demonstra, não só a falta de atenção e a leitura superficial de conteúdos por parte de algumas pessoas, mas também atitudes de má fé que retomam a crítica que fiz no inicio desse texto: argumentos falsos e colocações supérfluas, que ignoram o debate de ideias para tergiversar em acusações levianas.

Utilizou-se de uma notícia antiga, reposicionando-a no tempo para lhe conferir um novo sentido, tirando-a de um contexto para outro completamente diferente, criando um factoide político que de nada contribui para um confronto ideológico, mas que tenta desconstruir, de forma superficial e maniqueísta, a imagem de um partido que tem décadas de acumulação teórica e de contribuição prática para os movimentos sociais e para os avanços do país.

Atitudes dignas das redes do oligopólio midiático brasileiro (VEJA, Estadão, Globo, Bandeirantes, SBT, Record, etc), que manipulam informações, com o conteúdo a priori verdadeiras, mas que lhe dão outro sentido ao deslocar o seu contexto ou o ponto de vista do qual é contada, renovações de sentido que só servem a interesses próprios, corporativistas e reacionários. As maneiras mais baixas de se debater política, descaracterizando falsamente o adversário político para causar repulsa dos espectadores em autobenefício.

Eu poderia até acreditar que isso é fruto tão somente de uma indignação por parte das pessoas ao assistirem um partido de esquerda respaldando ações repressivas aos movimentos sociais, mas – sem generalizações – grande parte daqueles que estavam dando ênfase e vinculando essa falsa informação tem interesses muito bem consolidados. E pasmem, são grupos do campo da esquerda e simpatizantes, que não tiveram todo esse ímpeto ao PMDB ou o próprio Sérgio Cabral pela repressão ampliada por suas próprias ordens. Cabe destacar que a repressão é inata ao estado burocrático burguês, como próprio Marx afirmava “o estado será sempre a ditadura de uma classe sobre a outra”, logo enquanto não alcançarmos uma sociedade socialista, isso será algo que teremos que enfrentar constantemente, vezes ainda mais acentuadas pelos gestores outras amenizado.

Enfim, toda essa confusão me deixou inquieto – esse texto serve também como um desabafo - mas ao final reafirmou mais uma vez minhas posições e concepções. Estive em uma semana de curso e estudos intensos debatendo a teoria e a política da União da Juventude Socialista, onde tive a oportunidade de ver camaradas repudiando a recente relação de Sérgio Cabral com os movimentos sociais, e me é profundamente estranho ter de debater com posicionamentos maniqueístas que insistem em desestimular o debate ideológico e simplesmente ignorar todo trabalho e desenvolvimento teórico construído em fóruns que constroem projetos, métodos e concepções diferentes, transformando-as em “bichos de sete cabeças”, como se estivessem ali, nos espaços de disputa política, somente por puro oportunismo e por um sei-lá-o-que sem fundamento.

Debato e construo meu partido em seus fóruns internos, repúdio as ultimas ações de repressão e negligência de Sérgio Cabral com as manifestações populares e com certeza seria contrário caso meu partido se posicione a favor de continuar construindo esse nome para as outras eleições (entretanto é impossível que ele seja eleito novamente para o Governo do Rio de Janeiro, vejam só, mais um erro de leitura e interpretação, Cabral já foi eleito duas vezes). Mas tenho certeza que o PCdoB e a UJS são contra qualquer tipo de repressão à movimentos populares, até porque faz parte desses movimentos e tem como bandeira de defesa a desmilitarização da polícia.

Milito com muito orgulho na União da Juventude Socialista e no Partido Comunista do Brasil, carrego em meu sangue a disposição e compromisso com esse projeto revolucionário e humanizador. Luto pela democratização da mídia, pela reforma política, pela reforma agrária, contra qualquer tipo de discriminação, por mais educação e saúde ao povo brasileiro, por mais oportunidades, pelo fim do pagamento da dívida externa, enfim, luto pelo Socialismo. Tenho princípios ideológicos próprios, e ninguém há de retirar isso de mim. Mas carregarei sempre comigo uma frase da Deputada e ex-militante da UJS, Manuela D’avila: "Aprendi em tantos anos de luta a não me tornar igual aos que combato".


Viva a luta popular!
Viva o Partido Comunista do Brasil!

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