

"Quem de três milênios, /Não é capaz de se dar conta /Vive na ignorância, na sombra, /A mercê dos dias, do tempo." -Johann Wolfgang von Goethe
Já não adianta mais lamentarmos, o que passou, passou, não volta mais, e como eu costumo dizer, tudo o que temos é o nosso presente, pois o passado já se perdeu e do futuro nunca saberemos. Portanto tento conciliar ao máximo as coisas nesse período de minha vida, aproveitar o que tenho agora enquanto me preparo para o que ainda vem pela frente. Lado a lado estão, os meus últimos dias de ensino médio, e os sufocantes estudos em busca de um ensino superior.
Faço desse texto um desabafo. Pois a cada dia que passa, estou mais perto de um momento tão esperado na minha vida, me sinto um tanto tenso quanto aliviado. Por um lado estarei finalmente concluindo uma fase da minha vida pela qual permaneci durante doze anos, por outro cresce em mim o medo do fracasso, da incompetência, da falha de todos os meus planos. Muitos que vivem essa mesma realidade podem tentar esconder, mas estou certo de que a maioria dos "vestibulandos" estão passando por isso também. Pois há alguns anos nossas mentes vêm sendo bombardeadas de todos os lados sobre o que faremos no nosso futuro, somos pressionados diariamente, e a cada dia que passa essa pressão aumenta. Eu entendo aqueles que tentam nos confortar com conselhos do tipo: "O Vestibular não será o fim do mundo!", mas é preciso entender que isso não depende apenas de nós mesmos, a nossa preocupação com o ingresso para o ensino superior vem de um processo bem mais longo.
Desde a nossa infância somos questionados sobre o nosso futuro com perguntas como “O que você quer ser quando crescer?", pode parecer algo normal e inocente, mas quando uma criança pergunta aos seus pais por que ela deve ir pra escola, eles simplesmente respondem: "Para poder garantir o seu futuro meu filho.". Mas como tudo na infância, isso continua sendo apenas algo inocente, até que as crianças se tornam adolescentes e começam a enxergar melhor a realidade e a tomar suas decisões, mas eles não percebem que essas decisões já foram tomadas muito antes.
E é a partir desse processo que se forma toda aquela pressão sobre os estudantes que estão prestes a entrarem no ensino superior, pois caso eles não consigam, toda a vida deles, todo aquele conhecimento acumulado, todo aquele orgulho de seus parentes, tudo, é perdido.
Eu agradeço por ter uma família que sempre me instruiu nesse processo, o que pode diminuir consideravelmente a carga de pressão que essa "prova de sete cabeças" exerce sobre mim, mas repito, isso não depende apenas da família, é algo maior, o capitalismo precisa de pessoas preparadas para sofrer, precisa de pessoas psicologicamente estáveis, de robôs com um coração. E essa é uma das funções do Vestibular, criar máquinas para o mercado de trabalho, pois esse sistema político-econômico não perdoa.
O tão esperado dia das eleições está cada vez mais perto. Restam-nos pouco menos de uma semana para pensar e repensar em quem iremos votar. É a primeira vez que voto, com muito orgulho e seriedade, pois na minha família pude ver qual é o valor da participação política de um indivíduo na sociedade, e mesmo sem ter a obrigatoriedade do voto, faço questão de exercer minha cidadania, aliás, isso é o mínimo que devo fazer como cidadão.
Nesses últimos dias pude perceber como o tempo restante para o dia das eleições é inversamente proporcional ao respeito pelos candidatos. As coisas pioram quando se pode utilizar a tal da ferramenta tão avançada e livre que é a Internet. Nesse caso, fica muito fácil falar besteiras, criar mitos, enganar as pessoas. Algumas coisas passam a ser irrelevantes no nosso cotidiano dentro dessa internet, porém outras coisas são tão inúteis e ofensivas que nos fazem ficar revoltados.
Ultimamente foram lançados alguns mitos envolvendo a candidata Dilma Roussef do PT e uma onda de adoradores que apareceram na rede social “Twitter” e em outros cantos da internet apoiando a candidata Marina Silva do PV. Tratarei dos casos separadamente.
O primeiro caso foi o que mais me chocou, pois eu nunca havia visto nada igual, exceto em um seriado que eu costumo acompanhar chamado Supernatural (Sobrenatural). Recebi via email e Orkut (uma outra rede social) mensagens dizendo que a Dilma e o candidato a vice presidência Michel Temmer causariam no Brasil algo parecido com o apocalipse, pois tinham relações com o anti-cristo, satanismo e etc. Sobre isso não preciso dizer mais nada, não é mesmo?
Como se isso não bastasse a tal “epidemia virtual” se alastrou, e em todos os cantos eu via pessoas defendendo com unhas e dentes a candidata Marina Silva. Com a seguinte bandeira: Quem é contra o aborto, é contra a vida. Nesse momento não cabe a mim discutir a descriminalização do aborto. Entretanto, utilizo desse fato aliado à críticas direcionadas à candidata Dilma por apoiar o casamento homossexual, e por supostamente ter um “passado terrorista”, para mostrar a vocês, como a baixaria está aumentando cada dia mais.
Voto sim na Dilma, não porque ela tem o apoio do Lula. Mas porque acho que é uma mulher de garra, que tem uma história de lutas, e que dentro do governo atual, trabalhou muito pelo Brasil, pois eu já acompanhava seu trabalho antes mesmo desta se candidatar. Nem Dilma nem seus eleitores em momento algum difamaram a imagem de Marina Silva ou outro candidato, utilizando de mitos e de baixaria em busca de votos. Por favor, reflitam sobre isso, é o mínimo que temos a fazer como cidadãos. Não acreditem na primeira coisa que vier a tona.
Ah! Lembram-se de 2002? Muitos não acreditavam no Lula também. Que pena né? Pesquisem. Leiam. Interpretem. Entendam. Votem. Não vejo dificuldade alguma nesse processo.