sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A simples cidade da desigualdade.

Simples, calma e boa para se viver. É o que dizem muitos moradores da capital goiana. Afirmam ainda ser uma cidade segura, arborizada, limpa, bem tratada e com uma série de outras qualidades que, estranhamente, moradores de outro extremo desse mesmo lugar não conseguem enxergar. Os governantes, contudo, descaradamente insistem em dizer que Goiânia é uma das melhores cidades brasileiras para se viver e continuam a investir nos bairros nobres, asfaltam os quatro cantos da cidade, constroem enormes monumentos brilhantes e jogam toda a sujeira para debaixo dos tapetes. É esse o lugar onde vivo.

De acordo com os relatórios do V Fórum Urbano Mundial da Organização das Nações Unidas (ONU), Goiânia está em décimo lugar no ranking mundial de centros urbanos com maior desigualdade social, ocupando o primeiro lugar no Brasil. Entretanto, as pessoas que vivem aqui se assustam quando se deparam com essa informação. As classes média e alta goianienses não convivem com essa desigualdade. Não nego que em setores nobres e bairros próximos ao centro não há tanta violência e tudo parece muito bom. Porém, os verdadeiros problemas se encontram nas periferias.

Os trabalhadores e a burguesia - a miséria e a riqueza, a necessidade e a ganância - são extremos bem acentuados na capital. Talvez esse abismo não salte aos nossos olhos constantemente durante nosso cotidiano, mas isso não garante que essa enorme diferença realmente exista. Basta tentar, ao menos por um momento, enxergar a realidade, para perceber que vivemos em um lugar com dezenas de bairros e comunidades que sentem diariamente o poder da pobreza, da violência e da marginalização. Por outro lado proprietários de enormes latifúndios e criadores de gado, sentados em seus apartamentos luxuosos, bebem tranquilamente vinhos importados do ano de 1990, enquanto um terço de suas terras continua inutilizada.

É esse o lugar onde vivo. E talvez Goiânia seja realmente a melhor cidade para se viver: é preciso apenas possuir alguns mil hectares de terra e ter fundos suficientes para comprar um belo apartamento de frente para um grande parque (já que aqui não temos praia) ou um para Shopping Center. Minha cidade não é a única, nem no Brasil nem no mundo, a passar por esses problemas: esse é apenas mais um dos lados perversos do nosso sistema. Entretanto, nossos governantes não podem ficar impunes, pois têm grande responsabilidade sobre essa situação. Portanto, esses poderiam se preocupar mais com as pessoas ao invés de gastar toda verba e todo tempo para embelezar a cidade.


4 comentários:

  1. Primeiro também temos que olhar um ponto de vista de goiânia não so apenas critica-la , pois , se olharmos para um lado goiânia foi projetada apenas para 50 mil habitantes hoje na grande goiânia temos quase 2 milhoes de habitantes.Goiânia em comparação com outras cidades temos os melhores onibus , mais ainda não e o suficiente para o tanto de pessoas. Ta que goiânia e uma cidade imunda, mais não basta apenas os politicos e sim reducar as pessoas pra não estar jogando lixo nas ruas. E o que mais vemos hoje em dia uma pessoa comer algo e ja jogar no chão mesmo estando um lixo do seu lado, e o transito de goiânia e um caos mais se olharmos para um lado consegue passar a frota de São Paulo por carros por habitantes que são 1 carro pra cada 2 pessoas. Mais como todo lugar não so goiania sempre tem um bairro de rico que e mais cuidado que o de pobre. So uma coisa que reclamo a diversao para os goianos que não temos tanto e a segurança.

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  2. Cara, esses problemas que vc citou, são problemas normais em uma cidade grande, mas Goiânia ainda continua com o infeliz titulo de cidade mais desigual do Brasil, e acho que a culpa nao seja da população, tem alguma coisa errada aqui, vc nao acha?

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  3. Oi Iago,
    Concordo com suas colocações e acrescento outras. Nossas opções de lazer são escassas, especialmente para crianças e a população de baixa renda.
    O Zoológico está fechado, sem previsão de reabertura, com um alto índice de mortalidade de animais, sem que se descubra a causa das mortes.
    O Mutirama é um parque de sucatas, se ao menos comprassem brinquedos do Park Ita, mas nem isso...
    Cinema, só os do centro e nas quartas-feiras. Experimente ir a uma sessão no Flamboyant, domingo para um filme 3D!
    Nos resta o teatro, mas para saber sobre eventos nesta área é preciso ter amigos no meio, porque a divulgação é escassa.
    O "Oscar Niemeyer", sempre fechado. Museus aqui... só conheço o do Cerrado...
    O trânsito... na tentativa de melhorarem alguma coisa, destroem praças, retiram monumentos históricos para dar passagem a veículos. Soube ontem que o elevado "João Alves de Queiroz", da av. 85, está em estado precário. Imaginem, passar por ali e acontecer um desabamento?!
    Por que perdemos a sede da Copa? Já visitaram o Aeroporto? Observem como nossa rede hoteleira é ótima (risos). Imaginem os turistas se deslocando para o Serra Dourada, que cena dantesca! E o nosso Ginásio Olímpico, daria algum suporte aos atletas? O ginásio está em "reforma" há 30 anos!!!
    Não está fácil viver aqui, quando me perguntam não hesito em responder: não gosto da minha cidade natal, está cada dia mais difícil viver aqui! Fomos, tristemente, esquecidos pelo poder público e pelo resto do país...

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  4. Assim como vc mesmo disse, Iago. Não podemos generalizar. Concordo com o que o Roger disse la em cima sim.. Mas também concordo que não basta apenas reeducar as pessoas, mas também os políticos. Mas como estamos no Brasil, essa realidade ainda está bem distante. Então eu acho um bom passo começar reeducando os cidadãos porque aí sim teremos capacidade de escolher um político que realmente cuide da nossa cidade. Goiânia não é uma merda de cidade, mas também não está as mil maravilhas. Mas deixo aqui minha opinião de que entre Goiânia e São Paulo, não prefiro nenhuma. Em relação à diversidade, eu fico com Sampa, mas em relação à estrutura da cidade, fico com Goiânia.

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